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Espaço Pedagógico
O paradoxo da tolerância no discurso multicultural
Gilcilene Dias da Costa1 
[1] Universidade Federal do Pará (UFPA/Campus de Altamira).;
关键词: multiculturalismo;    tolerância;    paradoxo;    identidade;    diferença;   
DOI  :  10.5335/rep.v12i2.7985
来源: DOAJ
【 摘 要 】

Tendo em vista a ampla repercussão que a temática da tolerância vem conquistando no bojo das questões multiculturais e a ambigüidade de seus desdobramentos nas práticas culturais de diferentes sociedades, o presente trabalho pretende seguir uma linha de problematizações em torno do paradoxo da tolerância cultural em nosso tempo, quando, simultaneamente, presenciamos crescentes manifestações de sentimentos de ódio e abjeção perante os nomeados “outros” (grupos, povos, culturas, religiões...), enquanto se vêem aumentadas as tentativas de se buscar compreender a alteridade do ponto de vista da tolerância e do respeito às diferenças. Tomando como corpus de análise a revista Nova Escola – um poderoso artefato pedagógico e cultural que atua com notável abrangência especialmente entre escolas do ensino fundamental –, o trabalho analisa as seguintes edições da revista: “Viva a diferença, abaixo o preconceito!” (dezembro/1997), “O silêncio vai acabar!” (março/1999) e “O índio redescoberto!” (abril/1999). Com essas análises, busca-se problematizar o discurso da tolerância no bojo da teorização multicultural, a “entrada” do multiculturalismo na educação brasileira em suas respostas ao problema da diferença cultural e os modos pelos quais as diferenças relativas à raça/etnia vêm sendo narradas e/ou silenciados no currículo escolar. Ao assumir as perspectivas teóricas dos estudos culturais, do pós-colonialismo e de recentes teorias da diferença na educação, o texto levanta os seguintes argumentos: o multiculturalismo – embora se erga como campo político e teórico dos mais percorridos no meio educacional contemporâneo, com vistas à efetivação de práticas pedagógicas culturalmente orientadas e politicamente comprometidas com as lutas históricas de grupos e culturas socialmente excluídas –, ao tentar responder ao problema da diferença cultural via paradigma da tolerância, acaba restringindo as diferenças à convivência pluralista entre as culturas; com isso, o multiculturalismo acaba encobrindo nas vestes do discurso “politicamente correto” uma ideologia de assimilação colonial frente ao “outro”, mantendo-o a distância – embora amparado na égide da “tolerância aceitável”.

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