Cadernos de Estudos Sociais | |
RACISMO CORDIAL OU AUTORITARISMO ESPIRITUOSO | |
Ronaldo Sales Jr.1  | |
[1] Fundação Joaquim Nabuco (FUNDAJ); | |
关键词: mito da democracia racial; reacismo cordial; relações raciais; racismo; teoria do discurso; violência; república; | |
DOI : | |
来源: DOAJ |
【 摘 要 】
O "Mito da Democracia Racial" é considerado um dispositivo ideológico de reprodução das relações raciais, impedindo sua tematização pública. Efetiva-se através de duas formas de discurso: o desconhecimento ideológico das relações raciais e o não-dito racista. O "Mito da Democracia Racial" instaurou-se pelo deslocamento do discurso racial (racista ou não) do âmbito do discurso "serio" (argumentativo, racional, formal e público), constituindo o que estamos chamando aqui de desconhecimento ideológico. O desconhecimento não é "ausência" de conhecimento, ignorância passiva, mas, demarcadas as questões relevantes, marginaliza saberes tidos como irrelevantes, falsos problemas, sem-sentidos. O discurso racial, então, entrincheirou-se no discurso "vulgar" (aforismático, passional, informal e privado), através da forma do não-dito racista que se consolidou, intimamente ligado às relações "cordiais", paternalistas e patrimonialistas de poder, como um pacto de silêncio entre dominados e dominadores. O não-dito é uma técnica de dizer alguma coisa sem, contudo, aceitar a responsabilidade de tê-la dito, resultando daí a utilização pelo discurso racista de uma diversidade de recursos tais como implícitos, denegações, discursos oblíquos, figuras de linguagem, trocadilhos, chistes, frases feitas, provérbios, piadas e injúria racial.
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