Horizontes Antropológicos | |
A obliteração da cultura e a naturalização da escolha nas confabulações da psicologia evolucionista | |
关键词: debate natureza; gênero; parentesco; psicologia evolucionista; evolutionary psychology; gender; kinship; nature; | |
DOI : 10.1590/S0104-71832001000200004 | |
来源: DOAJ |
【 摘 要 】
Nas últimas décadas do século vinte, duas formas radicalmente opostas de retratar culturalmente o parentesco emergiram, de um lado, nas narrativas da psicologia evolucionista e, de outro, naquelas das novas tecnologias biogenéticas. Ambas são peculiarmente influenciadas por uma obsessão euro-americana com escolha, mas movem-se em direções opostas. Enquanto Marilyn Strathern (1992) tem argumentado que as novas tecnologias reprodutivas "hiper-sofisticam" a natureza - tomada como biologia - dissolvendo-a num transbordar de escolhas, eu alego que os psicólogos evolucionistas "super-simplificam" a cultura - tomada como escolha pessoal - dissolvendo-a em seleção natural/sexual e "mecanismos" psicológicos inatos. Enquanto outros pesquisadores consideraram as transformações culturais engendradas pelas tecnologias reprodutivas e biogenéticas, neste artigo eu proponho analisar o emaranhado de analogias, pressupostos, omissões, e saltos lógicos e imaginativos que possibilitam a super-simplificação da cultura perpetrada pela psicologia evolucionista no seu tratamento reducionista de parentesco e gênero, além de mapear algumas das conseqüências daquela narrativa.
During the waning decades of the twentieth century, two radically opposed cultural accounts of kinship emerged in the narratives of evolutionary psychology, on the one hand, and in those of the new reproductive and biogenetic technologies, on the other. Both are peculiarly inflected by a Euro-American cultural obsession with choice, but they move in opposite directions. Whereas Marilyn Strathern (1992) has argued that the new reproductive technologies "enterprise up" nature - read as biology - dissolving it into a plethora of choices, I contend that evolutionary psychologists "enterprise down" culture - read as individual choice - dissolving it into natural/sexual selection and innate psychological "mechanisms". While others have traced the cultural transformations engendered by the reproductive and biogenetic technologies, in this paper I attempt to untangle the web of analogies, assumptions, erasures, and imaginative leaps that make possible the "enterprising down" of culture in evolutionary psychology's reductive account of kinship and gender and to map some of the consequences of that account.
【 授权许可】
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