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Quimica nova
Photodynamic therapy: principles, potential of application and perspectives
Machado, Antonio Eduardo da Hora
1
 
[1]Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia
关键词:
photosensitization
;
oxygen active species
;
singlet oxygen
;
cancer therapy.  
;
 
;
INTRODUÇÃO Colorantes (corantes e pigmentos) são caracterizados pela sua habilidade de absorver luz visível. Ao menos
;
cerca de 10.000 desses compostos químicos coloridos tem sido produzidos em escala industrial1. Em função do fato de absorverem luz com elevada eficiência
;
em alguma região do espectro visível
;
alguns desses compostos são capazes de induzir ou participar de reações fotoquímicas. Desde o início do século
;
tem-se discutido o emprego de colorantes como drogas. Certos corantes tem sido empregados como agentes terapêuticos
;
como é o caso do azul de metileno
;
que possui ação bacteriostática
;
violeta de genciana (cristal violeta)
;
dentre muitos outros. Raab2
;
em 1900
;
observou a morte de microorganismos quando expostos à luz solar e ao ar
;
na presença de certos corantes. O que Raab reportou é o princípio de uma nova modalidade clínica para o tratamento do câncer e outras moléstias
;
conhecida como Terapia Fotodinâmica (TFD). A Terapia Fotodinâmica parte do princípio de que a interação de luz de comprimento de onda adequado com um composto não-tóxico (fotosensitizador) e oxigênio
;
resulta em espécies reativas capazes de induzir a inviabilização de células
;
que causou a morte dos microorganismos observada por Raab2. Isso é resultado da reação envolvida
;
que decorre primáriamente da excitação eletrônica do corante pela luz
;
seguida de dois mecanismos principais de reação
;
a partir do seu estado excitado3
;
8
;
71: · Transferência de elétron (mecanismo tipo I) entre o fotosensitizador no estado triplete excitado e componentes do sistema
;
gerando íons-radicais que tendem a reagir com o oxigênio no estado fundamental
;
resultando em produtos oxidados:  
;
Em geral
;
processos de transferência de elétron tendem a ser muito rápidos porque a sobreposição dos orbitais envolvidos
;
durante a formação do complexo excitado
;
é máxima11. A natureza exata do processo (se serão formados S+. e A-. ou S-. e B+. ) dependerá das propriedades redóxi de 3S e de 1A11
;
12 . · Transferência de energia (mecanismo tipo II) do fotosensitizador no estado triplete
;
com a geração de oxigênio singlete
;
um agente altamente citotóxico:  
;
Oxigênio singlete é como são conhecidos os três estados eletronicamente excitados imediatamente superiores ao oxigênio molecular no estado fundamental (3S)3
;
12. Segundo a Teoria do Orbital Molecular
;
a configuração eletrônica do oxigênio no estado fundamental possui dois elétrons desemparelhados nos orbitais moleculares degenerados p*x e p*y. Esses elétrons tendem a possuir o mesmo spin de forma a produzir multiplicidade máxima e assim um estado de mais baixa energia. Essa é a razão pela qual o estado fundamental do oxigênio molecular é um triplete. A Tabela 1 apresenta as formas de ocupação nesses orbitais moleculares antiligantes
;
para o oxigênio no estado fundamental
;
assim como para os estados excitados imediatamente superiores
;
 
;
Desses estados
;
os que possuem energia intermediária (1Dx e 1Dy
;
92
;
4 kJ mol-1) são os responsáveis pela reatividade química do oxigênio singlete. A simetria dessas moléculas
;
diferente da do estado fundamental
;
lhes garante um considerável tempo de vida quando comparado com a forma de mais alta energia (1S
;
159
;
6 kJ mol-1)
;
que possui a mesma simetria do estado fundamental. Os estados 1Dx e 1Dy são degenerados e possuem uma distribuição eletrônica onde os elétrons que ocupam um dos orbitais antiligantes p* se encontram em um dos planos mutuamente perpendiculares
;
Por serem degenerados
;
os estados 1Dx e 1Dy são
;
por conveniência
;
representados como sendo o estado 1Dg. O orbital molecular vazio no estado 1Dg (v. Fig. 1) garante ao oxigênio singlete essa espécie caráter eletrofílico
;
o que favorece sua participação mais efetiva em reações químicas
;
principalmente no caso em que os substratos possuem sítios ricos em elétrons. 
;
O tempo de vida do oxigênio singlete em solução é profundamente influenciado pela natureza do solvente3: em água
;
por exemplo
;
é de cerca de 4
;
0 ms3b
;
Já em água deuterada
;
t situa-se em torno de 70 ms. Em geral
;
em solventes que não possuem ligações C-H e grupos hidroxila na sua estrutura
;
o tempo de vida do oxigênio singlete tende a valores mais elevados. Por exemplo
;
para o tetracloreto de carbono
;
o tempo de vida do oxigênio singlete é de cerca de 30 ms
;
e em clorofórmio
;
250 ms3b. A razão para certos grupos funcionais ou átomos suprimirem mais ou menos eficientemente o oxigênio singlete
;
encontra-se na possibilidade de transferência de energia eletrônica do oxigênio singlete para certos estados vibracionais associados às espécies supressoras3c. Em sistemas biológicos
;
o oxigênio singlete apresenta tempos de vida extremamente baixos
;
inferiores a 0
;
04 ms71
;
94. Em função disso
;
seu raio de ação é extremamente reduzido (<
;
0
;
02 mm)8
;
71
;
94. Foi Gollnick quem primeiramente associou a atividade tumoricida da TFD à ação de radicais livres10. Espécies radicalares
;
tanto ânions-radicais superóxido
;
cátions ou ânions-radicais baseados no sensitizador
;
assim como inúmeras outras espécies ativas de oxigênio
;
são formadas tanto nos processos primários (ânion-radicais superóxido e cátion-radicais baseados no sensitizador)
;
mediante reação de treansferência de elétron
;
como na propagação da cadeia de reações (ânion-radicais superóxido e outras espécies ativas de oxigênio). Reações envolvendo radicais livres tem sido confirmadas tanto por experimentos de fotólise relâmpago (flash photolysis) em sistemas-modelo
;
como também empregando-se técnicas de RPE (EPR spin trapping) em sistemas biológicos13. A ação do oxigênio singlete (1O2 1Dg) na morte ou inviabilização de células tumorais tem sido evidenciada de diversas maneiras. Korytowski e colaboradores14
;
15 isolaram os compostos 3b-hidróxi-5a-colest-6-eno-5-hidroperóxido (I)
;
3b-hidróxicolest-4-eno-6a-hidroperóxido (II) e 3b-hidróxicolest-4-eno-6b-hidroperóxido (III)
;
como produtos da degradação induzida a tecidos vivos
;
por via fotoquímica
;
tanto pelo agente fototerapêutico hematoporfirina como pelo cloro-Al(III) ftalocianina tetrasulfonada
;
produtos característicos de reação envolvendo oxigênio singlete16  
;
Também
;
o papel inibidor do íon azoteto
;
conhecido supressor para o oxigênio singlete3
;
assim como o aumento da eficiência da reação na presença de D2O
;
tem-se verificado em sistemas-modelo3
;
71. Por fim
;
a fosforescência do oxigênio singlete
;
a 1270 nm
;
foi detectada em suspensões contendo células tumorais (L1210) submetidas a fotólise na presença de 5-(N-hexadecanoil) amino eosina17. Atualmente
;
tem-se concentrado esforços no sentido de detectar essa fosforescência in vivo18. Ambos os mecanismos são controlados por difusão3
;
4. As espécies reativas geradas a partir da interação entre o estado excitado do corante e o oxigênio (oxigênio singlete e ânion-radical superóxido)
;
entre o estado excitado do corante e sítios dos substratos que estão sendo atacados (S+. e A-. ou S-. e B+ e ou e
;
dependendo das propriedades redóxi do sensitizador e do substrato)
;
e as resultantes dos processos secundários (radicais livres e outras espécies carregadas)
;
tendem a se difundir nas vizinhanças do tecido afetado
;
iniciando uma cadeia de reações bioquímicas
;
resultando em danos de diferentes proporções à célula tumoral
;
o que tende a inviabilizá-lo. Os sítios ricos em elétrons
;
presentes nas células-alvo
;
tendem a ser os mais fácilmente modificados
;
como por exemplo a guanina
;
cadeias laterais de amino-ácidos contendo estruturas aromáticas e enxôfre
;
ligações duplas de esteróides e lipídeos insaturados. Isso resulta em danos à parede celular
;
mitocôndria
;
e lisosomos
;
comprometendo a integridade celular. Nenhum efeito mutagênico sobre as células sadias tem sido reportado até o momento5
;
o que amplia a segurança de aplicação dessa modalidade terapêutica
;
permitindo ainda a repetição do tratamento no caso de recorrência ou mesmo de lesões extendidas. Os agentes fototerapêuticos podem ainda destruir um tumor indiretamente
;
pelo dano causado ao endotélio vascular
;
o que resulta em hipoxia e morte do tecido6. Em todos os casos
;
o fotoprocesso inicial ocorre dentro de um espaço com diâmetro entre 10 e 50 nm7
;
8. Fatores químicos e biológicos tendem a propagar os efeitos a outros sítios
;
localizados a maiores distâncias da origem9. Isso faz com que seja necessário um estrito controle da biodistribuição do agente fototerapêutico a nível celular ou tissular
;
especialmente quando esses fotosensitizadores são sistêmicamente injetados
;
como ocorre usualmente em TFD. O emprego de sistemas distribuidores apropriados tem resultado em avanços significativos na eficácia e seletividade da TFD
;
já que assim
;
o fotosensitizador pode ser liberado em elevadas concentrações no tecido-alvo5
;
71. O extraordinário desenvolvimento da pesquisa relativa a reações envolvendo oxigênio singlete
;
sobretudo as que envolvem sistemas biológicos3
;
6
;
19
;
54
;
71. resultou no rápido desenvolvimento dessa modalidade clínica hoje conhecida como Terapia Fotodinâmica.  
;
HISTÓRICO Um tumor caracteriza-se por um crescimento anormal de tecido vivo
;
podendo ser benigno ou maligno (o câncer). O câncer é reconhecidamente a moléstia que mais apreensão tem provocado na história da humanidade. Os três tratamentos clássicamente adotados contra o câncer são a quimioterapia
;
a radioterapia e a cirurgia (remoção do tecido lesado e seus arredores)
;
que apresentam inúmeras desvantagens
;
como por exemplo a desfiguração do paciente
;
com prejuízos à sua auto-estima
;
inúmeros efeitos colaterais (quimioterapia e radioterapia)
;
além de uma perspectiva de cura nem sempre eficaz. Em virtude disso
;
tratamentos alternativos tem-se desenvolvido56
;
dentre os quais se inclui a Terapia Fotodinâmica. A Terapia Fotodinâmica visa a destruição localizada do tecido vivo anormal mediante sua necrose ou inviabilização
;
assim como também a desativação de vírus
;
destruição de bactérias e fungos3
;
6
;
8
;
19-54
;
57
;
59
;
88
;
93. O tratamento se inicia após um período de espera
;
após a administração ao paciente de um corante fotosensitizador (o agente fototerapêutico)
;
usualmente por injeção intravenosa. Após esse tempo de espera
;
quando a concentração do corante atinge o seu máximo no tecido lesado
;
procede-se à exposição do tumor à radiação visível de comprimento de onda adequado para a excitação do agente fototerapêutico3
;
6. A radiação
;
geralmente fornecida por um laser
;
é dirigida ao local do tratamento empregando-se um feixe de fibras ópticas. As primeiras experiências visando a aplicação do efeito fotodinâmico no tratamento de tumores em humanos foram feitas em 1903 por Tappenier e Jesionek
;
empregando eosina como fotosensitizador58. Embora os resultados tenham sido positivos
;
esse trabalho não sofreu continuidade. Em 1924
;
Policard59 observou que porfirinas podiam ser encontradas em elevadas concentrações em tumores malignos. Essas porfirinas são completamente atóxicas
;
mas na presença de luz visível e oxigênio elas se tornam altamente tóxicas ao tecido celular. No final dos anos 60
;
Lipson60 reportou um caso de tratamento bem-sucedido de câncer de seio
;
empregando derivados de hematoporfirina e irradiação seletiva do tumor com luz visível. Em 1976
;
Weishaupt e colaboradores34 postularam que o oxigênio singlete
;
gerado por sensitização
;
a partir da transferência de energia do agente fototerapêutico no estado triplete excitado para o oxigênio molecular no estado fundamental
;
era o agente citotóxico responsável pela desativação de células tumorais. Em fins dos anos 70
;
a partir dos trabalhos de Dougherty e colaboradores35
;
a TFD passou a ser reconhecida como uma alternativa para o tratamento de câncer
;
tendo sido empregada com sucesso no tratamento de tumores
;
além de outras outras condições clínicas8
;
46
;
61.  
;
AGENTES FOTOTERAPÊUTICOS
;
DOI : 10.1590/S0100-40422000000200015
学科分类:化学(综合)
来源:
Sociedade Brasileira de Quimica
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