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Quimica nova
Synthetic strategies for nonactic acid
Payret-Arrúa, M. Elena
1
  Ferraz, Helena M. C.
1
 
[1] Universidade de São Paulo, São Paulo
关键词:
nonactic acid
;
synthetic strategies.  
;
 
;
1. INTRODUÇÃO O Ácido Nonático (1) constitui a unidade monomérica da Nonactina (2a)
;
um poliéter da classe das Nactinas. Estas
;
por sua vez
;
consistem de uma série de macrotetralídeos
;
isolados pela primeira vez em 1955 de culturas de Streptomyces1
;
2. Entre estas encontram-se
;
além da Nonactina (2a)
;
a Monactina (2b)
;
a Dinactina (2c)
;
a Trinactina (2d) e a Tetranactina (2e) (Figura 1). 
;
Estes macrotetralídeos têm suscitado interesse pelas suas diversas atividades biológicas3
;
sobretudo pela sua capacidade de agir como transportadores de íons através de membranas biológicas4. Tais substâncias formam complexos 1:1 com íons de metais alcalinos e alcalino-terrosos3
;
4
;
particularmente com íons potássio5
;
através da coordenação com os oxigênios das carbonilas e dos tetraidrofuranos. Como conseqüência de suas propriedades ionofóricas
;
atuam como inibidores da fosforilação oxidativa de ADP a ATP3. A Nonactina
;
representante mais simples da série e principal metabólito
;
é constituída de quatro unidades monoméricas
;
sendo duas de (+)-Ácido Nonático e duas de (-)-Ácido Nonático
;
na seqüência (+)-(-)-(+)-(-). Portanto
;
a Nonactina apresenta configuração meso. Sua estrutura
;
bem como sua estereoquímica
;
foram elucidadas por Prelog e colaboradores6 que
;
consequentemente
;
estabeleceram a estereoquímica do Ácido Nonático. Como se pode observar
;
o Ácido Nonático - que de agora em diante abreviaremos por AN - possui quatro centros assimétricos (C2
;
C3
;
C6 e C8)
;
com configurações absolutas 2R
;
3R
;
6S
;
8S
;
para o enantiômero (-)
;
e 2S
;
3S
;
6R
;
8R
;
para o enantiômero (+). Os hidrogênios em C6 e C3
;
que fazem parte do anel tetraidrofurânico
;
encontram-se em configuração relativa cis entre si. Pelas razões expostas anteriormente quanto à atividade biológica das Nactinas
;
e por ser a unidade monomérica da Nonactina
;
o AN tornou-se um alvo atraente para os químicos orgânicos sintéticos. E foi assim que
;
em 1971
;
Beck e Henseleit publicaram a sua primeira síntese racêmica7
;
sendo que cinco anos depois Schmidt et al.8 descreveram a sua primeira síntese assimétrica. Nosso grupo de pesquisa vem se dedicando
;
há vários anos
;
ao estudo de reações de ciclização
;
visando sobretudo à obtenção de tetraidrofuranos9-11
;
de onde surgiu nosso interesse em efetuar um levantamento bibliográfico sobre as sínteses do AN. Nesse trabalho serão apresentadas as sínteses do AN publicadas na literatura
;
fazendo-se uma subdivisão de acordo com o tipo de precursor utilizado em cada metodologia.  
;
2. SÍNTESES DO ÁCIDO NONÁTICOS 2.1. A partir de precursores furânicos Neste item serão apresentados os exemplos mais representativos da metodologia que utiliza o anel furânico ou tetraidrofurânico substituído como precursor para sintetizar o AN. As sínteses que serão mostradas apresentam um tipo de estratégia em comum para estabelecer a estereoquímica cis dos centros C3 e C6
;
que é a hidrogenação catalítica de intermediários furânicos 2
;
5-dissubstituídos. Assim sendo
;
no esquema 1 é mostrada a primeira síntese do éster metílico do AN
;
requerida pelo AN
;
em C3 e C6. Esta seqüência sintética não prevê o controle da estereoquímica nos centros C2 e C8 e
;
portanto
;
uma vez desprotegida a hidroxila em C8
;
é obtida uma mistura dos quatro diastereoisômeros possíveis para o éster do AN
;
como mostrado na figura 2. 
;
Uma vez que nesta primeira síntese se resolve o problema da estereoquímica cis para os centros C3 e C6
;
as sínteses publicadas daí em diante
;
e que utilizam este tipo de estratégia
;
refletem formas de melhorar o controle estereoquímico nos outros centros assimétricos (C2 e C8). Isto significa o estudo da epimerização do centro C2 e o estudo da redução da carbonila em C8 de forma estereosseletiva. Assim
;
uma vez obtido o intermediário cetônico 11
;
os autores realizam uma epimerização da metila em C2
;
catalisada por base
;
favorecendo a formação de 12 na proporção de 4:1 (12:11). É esta
;
de fato
;
a única vantagem observada sobre a primeira síntese
;
uma vez que também não se resolveu a estereoquímica no centro C8
;
já que pela redução da carbonila do intermediário 12 com NaBH4 obteve-se uma mistura (1:1) em C8 para o éster do AN. Posteriormente
;
uma vez obtido o intermediário cetônico 17
;
numa proporção de 2:1 (17a:17b)
;
a partir de 17b seja efetuada a redução da carbonila em C8 utilizando L-Selectride. A figura 3 mostra como o agente redutor se complexa com os oxigênios presentes na molécula
;
tornando uma das faces preferida para o ataque à carbonila e melhorando a estereosseletividade da reação
;
já que finalmente os autores obtêm o éster 8-epi-nonático numa proporção de 9:1
;
embora o seu primeiro objetivo fosse sintetizar o AN. 
;
A segunda rota proposta pelos mesmos autores13 vincula a cicloadição do cátion oxalílico gerado a partir de uma a
;
a-dibromocetona ao furano
;
fornecendo o intermediário bicíclico 18
;
que é transformado em 21 em mais três etapas (Esquema 4). 
;
foi efetuada a homologação da cadeia lateral
;
estas duas rotas sintéticas finalmente fornecem o éster do AN
;
porém deixando a desejar na estereosseletividade das reações para obtenção da estereoquímica correta dos centros C2 e C8. Por combinação de hidrogenação seletiva do intermediário cetônico e epimerização de C2
;
Schmidt e colaboradores8 desenvolveram um esquema para enriquecer em AN a mistura de iguais quantidades dos diastereoisômeros em C2 e C8 (Esquema 6).  
;
2.2. A partir de carboidratos Açúcares podem ser empregados como matérias primas quirais para a síntese de inúmeras substâncias
;
apresentando a vantagem
;
entre outras
;
de seu baixo custo. É sabido que C-glicosídeos
;
como 27 e 28
;
podem ser obtidos como produtos de controle cinético ou termodinâmico
;
respectivamente
;
da reação de 2
;
Sun e Fraser-Reid15 planejaram sintetizar
;
assimetricamente
;
sistemas furânicos 2
;
5-dialquilsubstituídos
;
e isto os levou
;
em consequência
;
a efetuar a síntese dos enantiômeros (+) e (-) do éster do AN. No esquema 8 é mostrada a síntese do (-) nonactato de metila (-)-6A
;
com 62% de rendimento. Por meio da sua hidrogenação com Ra-Ni
;
obteve-se preferencialmente o álcool 30. Ficou
;
desta forma
;
determinada a configuração S do centro correspondente a C8 do (-)-AN. A seguir
;
a aldose 32
;
pela reação de Moffat14
;
forneceu os estereoisômeros 33 e 34
;
em condições de controle cinético
;
na proporção de 3:2
;
respectivamente. Neste ponto
;
os autores efetuaram uma conversão
;
em meio básico
;
de 29 em 35
;
isômero termodinamicamente favorecido15. A seguir foram feitas as reações já comentadas para o outro estereoisômero. Supondo uma conversão total dos epímeros (31®30
;
34®33)
;
obtém-se transformação de 30 em (-)-6A e de 36 em (+)-6A
;
com aproximadamente 45% de rendimento total. Mais tarde
;
Ireland e Vevert17a também efetuaram a síntese dos enantiômeros (+) e (-) do AN
;
utilizando a D-gulono-g-lactona e a D-manose
;
respectivamente
;
3]-sigmatrópico de Claisen de silil-ceteno-acetais. Sabe-se
;
por um trabalho previamente publicado pelo mesmo grupo17b
;
que ao enolizar com LDA/THF
;
ésteres dos tipos 44 e 49
;
intermediários das sínteses
;
formam-se preferencialmente enolatos do tipo Z. Desta forma fica bem estabelecido o substrato que sofre o rearranjo de Claisen
;
assim como também que este ocorre através de um estado de transição tipo barco. A figura 4 ilustra a conformação proposta pelos autores para o rearranjo de Claisen de 44 em 45
;
que fornece o (-) AN e seu epímero em C8. 
;
Ambas as sínteses realizadas não chegam a definir o centro C8
;
uma vez que a metila nesta posição é introduzida de maneira pouco seletiva. Em 1982 foi preparado um derivado do AN
;
o (±) nonactato de t-butil-8-O (t-butildimetilsilano)
;
partindo da 2
;
3
;
5-tri-O-acetil-D-ribono-lactona (52)18
;
fornecendo o dieno 53. Por meio de uma hidrogenação estericamente controlada são definidos em 54 dois dos quatro centros quirais do AN
;
correspondentes a C6 e C8. É interessante observar que esta metodologia introduz
;
de uma maneira diferente das mostradas até agora
;
a cadeia lateral em C3. Os autores propõem a condensação da lactona 57 com 2-litio-propanoato de tert-butila
;
fornecendo 58 com a geometria E na dupla ligação. A seguir
;
mediante hidrogenação catalítica utilizando Rh/Al2O3
;
são definidos os outros dois centros (C2 e C3). É importante notar aqui que
;
além de 59
;
também foi obtido o outro estereoisômero possível (60)
;
como produto da reação de hidrogenação
;
na proporção de 5:1
;
respectivamente. Mais adiante
;
quando forem mostradas outras metodologias sintéticas
;
a reação de hidrogenação da dupla ligação para definir os centros C2 e C3 será comentada mais detalhadamente. De um modo geral
;
as sínteses do AN
;
ou de qualquer de seus derivados
;
partindo de matérias primas como carboidratos
;
apresentam a vantagem de
;
utilizando dois açúcares diferentes
;
fornecer os dois enantiômeros separadamente. 2.3. A partir de substratos insaturados envolvendo reações de ciclização Gerlach e Wetter12 foram os primeiros a propor uma síntese para o AN partindo de um substrato acíclico
;
a qual envolve no seu decorrer uma etapa de ciclização. (Esquema 13).  
;
obtendo-se uma mistura dos dióis 62 e 63. A partir do diol 63
;
em duas etapas
;
obtém-se 64
;
que por tratamento com base
;
sofre perda dos grupos acetatos e
;
ao mesmo tempo
;
uma ciclização via reação de Michael intramolecular. Por meio desta síntese os autores conseguem definir apenas os centros C6 e C8
;
sendo que foram obtidos os quatro possíveis enantiômeros
;
pelo fato de C2 e C3 não estarem definidos. Já Bartlett e colaboradores19 descrevem uma rota que passa pelo mesmo intermediário oticamente ativo para sintetizar
;
de forma enantioespecífica
;
inicialmente foi preparado o intermediário 65
;
a partir do (S)-(-)-ácido málico opticamente puro. O iodeto 66 foi obtido por meio de uma iodociclização diastereosseletiva de 65. Desta forma
;
os autores conseguiram a relação desejada para os centros C6 e C8 correspondentes do AN. Posteriormente
;
por redução da ligação C-I de 66
;
obteve-se o carbonato 67 em 98% de rendimento. A seguir
;
por ozonólise de 67
;
condensação de 68 com o trimetilsilil enol éter do propionato de metila e oxidação de Jones da b-hidroxi cetona 69
;
obteve-se o b-ceto éster (-)-70. O b-ceto éster (-)-70 é o intermediário chave para sintetizar o éster do AN
;
o anel tetraidrofurânico é formado através da reação de ciclização do ceto-diol 71. Tem-se
;
neste caso
;
o ataque do oxigênio da hidroxila ao carbono carbonílico
;
fornecendo o enol-éter (+)- 72 com 76% de rendimento. O fechamento também pode ser induzido pelo ataque do oxigênio carbonílico ao carbono C6 do intermediário (-)70
;
pela alternativa b. Inicialmente forma-se o enolato do b-ceto-éster
;
facilitando assim a O-alquilação intramolecular
;
com inversão da configuração em C6
;
sendo que o íon carbonato funciona como um excelente grupo de partida. Quanto à reação de hidrogenação da dupla ligação dos enol-éteres intermediários 72 e 73
;
os autores discutem as implicações decorrentes da estereoquímica dos substratos em questão. Para que os centros C2 e C3 possam ser obtidos com a sua configuração relativa em C6 correta
;
tem-se de levar em conta dois fatores importantes: a) a geometria da dupla ligação do enol éter tem de ser E
;
b) a sua hidrogenação pode ser dirigida estericamente pela face cis ao hidrogênio em C-6. De fato
;
por uma comunicação do mesmo grupo19a
;
efetuada anteriormente a este trabalho
;
sabe-se que a estereoquímica da ligação dupla é E
;
e que a hidrogenação catalítica na presença de Rh-Al2O3 fornece uma mistura de enantiômeros
;
com os hidrogênios em C-3 e C-6 cis ou trans
;
numa proporção de 85:15. Quando o substrato oticamente ativo é hidrogenado (por exemplo
;
(+)- 72) obtém-se o éster metílico do (-)-ácido 8-epi-Nonático
;
em maior proporção
;
juntamente com os estereoisômeros 74 e 75
;
(esquema 16). A proporção entre os três ((-)-6C:74:75) é de 88:9:3
;
respectivamente. Resultados análogos foram obtidos ao hidrogenar
;
nas mesmas condições
;
o enol éter (-)-73.  
;
por meio desta sequência
;
uma mistura de epímeros
;
embora separáveis
;
do éster metílico do AN
;
consideramos estes resultados como um marco inicial para discussão dos trabalhos que serão apresentados a seguir
;
desde que a maioria
;
de uma ou outra forma
;
se refere a ele. Em uma tentativa de aplicar a metodologia de telurociclofuncionalização à síntese de precursores análogos a 72 ou 73
;
o b-hidroxi-éster 76 foi preparado e submetido a tratamento com tricloreto de p-metoxifeniltelúrio. Entretanto
;
observou-se a eliminação do grupamento benzílico
;
partindo da 2
;
consegue-se determinar a configuração relativa correta para os centros C2 e C3. Os autores utilizaram a metodologia desenvolvida por Bartlett e Rychnovsky22
;
de ciclização de 4-alquenil éteres com iodo
;
para formação do anel tetraidrofurânico 2
;
5-dissubstituído. Mediante esta iodociclização obteve-se 83 como uma mistura de isômeros 50/1 (cis/trans)
;
em relação aos centros C3 e C6. A oxidação de 83 forneceu o ácido carboxílico 84
;
que por sua vez
;
em três etapas
;
foi convertido a 85
;
permitindo-se desta forma a funcionalização desejada na posição C8. Os autores conseguiram melhorar a seletividade da reação de redução da carbonila em relação às já existentes na literatura. White e colaboradores13 por exemplo
;
utilizando L-Selectride
;
obtiveram os ésteres 8-epi-Nonático e Nonático (6A:6C) na proporção de 9:1
;
e Ireland e Vevert17 que utilizaram dimetilcuprato de lítio
;
obtiveram 6A:6C na proporção de 1:1. Supõe-se que inicialmente acontece uma pré-complexação entre o aldeído 85 em solução de CH2Cl2 e o TiCl4
;
de modo que quando é adicionado o reagente redutor
;
(CH3)2Zn
;
é favorecida a formação de 6A
;
na proporção de 24:1 em relação ao seu enantiômero 8-epi (6C). Mais tarde
;
Lygo e colaboradores23 desenvolveram uma metodologia para obter um intermediário tetraidrofurânico
;
precursor chave do AN
;
devidamente funcionalizado na posição b
;
por ataque nucleofílico do diânion do b-ceto-éster
;
gerando assim o e-hidroxi-b-cetoéster 88. Este
;
por sua vez
;
sofre ciclização em meio ácido
;
fornecendo desta forma o precursor chave 89 com 54% de rendimento. Embora esta síntese não tenha apresentado estereosseletividade quanto ao carbono correspondente a C8 do AN
;
demonstrou-se eficiente para obtenção do intermediário 89. A partir de 89 os autores empregaram a já discutida hidrogenação catalítica
;
proposta por Bartlett e colaboradores19
;
obtendo desta maneira uma mistura do (±) - Nonactato de metila e seu epímero em C8
;
6A e 6C respetivamente. Deschenaux e Jacot-Guillarmod24a efetuaram uma síntese de 6C
;
semelhante à anterior
;
mas de forma enantioespecífica
;
cuja preparação já tinha sido publicada pelo mesmo grupo24b. Assim sendo
;
os autores iniciam a síntese com dois dos quatro centros assimétricos do AN já estabelecidos (os correspondentes a C6 e C8). Os outros dois centros são definidos através da hidrogenação catalítica relatada por Bartlett e colaboradores19. Embora os autores finalmente obtenham o éster do ácido 8-epi-Nonático
;
trata-se de uma excelente estratégia
;
pois envolve oito etapas
;
com um rendimento global de aproximadamente 27%. Ainda visando à obtenção de precursores do AN
;
ou de seus derivados
;
estes foram separados e a sua ciclização com m-CPBA foi estudada. Na tabela 1 são mostrados os resultados obtidos. 
;
Sabe-se
;
pela literatura26
;
que a ciclização eletrofílica de 4-alquenóis leva à formação de substratos com estereoquímica preferencialmente trans na junção do anel. No entanto observa-se
;
na tabela 1
;
que na reação de ciclização dos três primeiros substratos (itens 1-3) os autores conseguem uma alta estereosseletividade cis
;
o que é interessante ao se tratar de intermediários chaves para a síntese do AN ou de seus derivados. A explicação que os autores sugerem para esta alta estereosseletividade surge da hipótese de que a reação de ciclização passe por um intermediário como o mostrado na figura 5. 
;
Com este intermediário propõe-se uma estabilização da oxirana protonada
;
que se forma intermediariamente
;
pelo grupamento metoxicarbonílico do éster
;
através de uma ligação de hidrogênio
;
isto faz com que a sua energia seja baixa e favoreça a estereoquímica cis da junção do anel. Nos outros casos- itens 4-6 da Tabela 1- a interação entre a oxirana e o grupamento éster não aconteceria
;
favorecendo a estereoquímica trans. Honda e colaboradores27 propõem uma nova estratégia para obter o tetraidrofurano a
;
b-insaturado 104
;
explorando uma metodologia desenvolvida por Takano e colaboradores28.. Trata-se essencialmente da preparação da lactona quiral tetraidro-2-furanotiona e a sua condensação com um composto diazo-carbonílico
;
trata-se de uma sequência bastante trabalhosa (10 etapas) para obter 104
;
que possui apenas dois dos quatro centros assimétricos necessários. A partir de 104
;
foi efetuado ainda um estudo minucioso para a otimização da etapa de hidrogenação da dupla ligação
;
já que neste caso se tratava de um diéster a
;
b-insaturado. A melhor condição encontrada foi a que utiliza Pd/C/MeOH 5% - HCl
;
7atm
;
embora forneça uma mistura de estereoisômeros nos centros correspondentes a C3 e C6 (cis/trans: 4/1). Os autores realizam
;
ainda
;
mais quatro etapas para redução do diéster e introdução da metila
;
criando desta forma o centro assimétrico em C2. Desta série de reações foi obtida uma mistura
;
na proporção de 1:1
;
do (+)-nonactato de metila e seu epímero em C2
;
pelo esquema acima
;
que o diol protegido 109 já possui dois dos quatro centros quirais necessários (C6 e C8). Este intermediário sofre uma oximercuriação intramolecular
;
formando intermediariamente o trifluoro acetato de mercúrio vinílico
;
que por transmetalação e carbonilação fornece a mistura de tetraidrofuranos 2
;
5-dissubstituídos
;
110
;
com alta estereosseletividade cis. Esta alta estereosseletividade pode ser explicada pela complexação do íon mercúrio com a ligação dupla do aleno
;
formando-se uma mistura de complexos syn e anti
;
a seguir tem-se o ataque nucleofílico do grupamento sililoxi em C3
;
pelo lado menos impedido da molécula
;
o correspondente a C3. A última etapa - redução da ligação dupla C2-C9 - não apresentou seletividade alguma. Esta síntese mostrou-se bastante eficiente no sentido de envolver poucas etapas (quatro no total) que
;
por sua vez
;
apresentaram uma alta estereosseletividade (com exceção da última). O rendimento total desta síntese foi de cerca de 20%
;
a partir do aldeído 107. Mais tarde
;
Soladié e Dominguez30 relataram as sínteses enantiosseletivas do (+)-AN e do (-)-Ácido 8-epi-Nonático
;
sendo que a questão chave desta estratégia reside na etapa de redução assimétrica do éster 111. A preparação deste foi desenvolvida pelo mesmo grupo31 e envolve uma série de etapas (que não serão aqui descritas) com um rendimento total de 60%. A seguir será mostrada somente a sequência que os autores empregaram para o (+)-AN
;
a partir do ceto-sulfóxido quiral 111
;
por um trabalho desenvolvido anteriormente pelos mesmos autores32
;
que a redução do ceto-sulfóxido 111 envolve uma transferência de hidreto de um intermediário
;
no qual o DIBAL encontra-se quelado pelo sulfóxido
;
e que a utilização de quantidades equivalentes do redutor seria suficiente para reduzir seletivamente a carbonila em b
;
sendo desnecessária a proteção das outras presentes na molécula. O composto 112 é reduzido nas condições descritas
;
fornecendo assim o diol anti 113. Este diol não é isolado
;
e cicliza espontaneamente para formar o acetal bicíclico 114. Em meio ácido ocorre a abertura do anel de sete membros
;
obtendo-se o tetraidrofurano 115. Como este é um intermediário conhecido para a síntese do AN
;
os autores aplicaram a redução de Bartlett e colaboradores19b
;
completando assim a sequência. Fleming e Ghosh33 efetuaram a síntese do (+) -Nonactato de metila e do (-)- Nonactato de metila
;
utilizando compostos organosilício para controlar a relação estereoquímica entre os centros quirais. O material de partida utilizado nesta síntese é o ácido homoquiral 117. Este ácido possui dois centros assimétricos
;
e foi preparado em doze etapas
;
pelos mesmos autores
;
com um rendimento total de 40%. No esquema 27 são mostradas as etapas desta rota
;
117 foi tratado de acordo com a metodologia de Evans34 para redução de 3-hidroxicetonas
;
fornecendo dióis 1
;
3 anti
;
e
;
a seguir
;
com o reagente de Mukaiyama35 para fornecer a lactona 118. Proteção da hidroxila seguida de metilação diastereosseletiva
;
fornece 119. Neste ponto a molécula possui os quatro centros quirais necessários. A lactona sofre abertura e o intermediário cicliza novamente
;
com inversão da estereoquímica em C-3
;
fornecendo o (+)- nonactato de metila
;
com um rendimento global de 43% a partir de 117. Recentemente
;
Kim e Lee36 realizaram as sínteses do (+)-nonactato de metila e do (-)-epi-nonactato de metila
;
partindo da isoxazolina oticamente ativa 120 e de seu antípoda
;
respectivamente. A primeira delas está mostrada no esquema 28.  
;
preparada pelos mesmos autores37
;
foi convertida no iodeto 121 com um rendimento de 95%. Ao tratar o iodeto com o diânion do 2-metil acetoacetato de metila
;
obteve-se o intermediário chave da síntese em 81% de rendimento. Utilizando a metodologia de Curran38
;
de clivagem de anéis 2-isoxazolidínicos
;
e uma desidratação em meio ácido seguida de ciclização
;
obteve-se o éster intermediário 124
;
já utilizado em outras sínteses do AN. Daí em diante os autores repetem a sequência utilizada por Bartlett et al.19. Com base nas investigações realizadas sobre a diastereosseletividade da reação de oximercuriação intramolecular de uma série de g-hidroxialquenos
;
Perlmutter e colaboradores40 efetuaram a síntese enantiosseletiva de dois diastereoisômeros do nonactato de metila. O esquema 29 ilustra a síntese para o 2
;
juntamente com a estereoquímica Z do alquenol
;
permitiu a alta diastereosseletividade 1
;
3 syn desta etapa da síntese. Mais recentemente
;
Kajiwara et al.41 efetuaram a síntese do (-) AN e do (+)-8-epi-nonático. Trata-se de uma síntese também enantiosseletiva
;
e que utiliza a cetona 129 como intermediário para ambos os enantiômeros
;
b-insaturada 130 foi preparada em quatro etapas
;
com um rendimento global de 38%. Para obter o intermediário chave da síntese foi efetuada sua iodociclização
;
seguindo a metodologia desenvolvida por Bartlett e Rychnovsky22
;
de Kajiwara et al.41 datado de 1997
;
vem demonstrar o grande interesse que até hoje suscita esta molécula relativamente simples
;
sintetizada pela primeira vez há cerca de vinte e cinco anos. A partir de então
;
e até o presente
;
mais de 30 sínteses do Ácido Nonático - além de inúmeros estudos-modelo - foram publicadas na literatura.  
;
AGRADECIMENTOS
;
DOI : 10.1590/S0100-40421998000500012
学科分类:化学(综合)
来源:
Sociedade Brasileira de Quimica
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